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Medicina tradicional russa – princípio e substâncias-chave

Menos conhecida do que a medicina chinesa ou ayurvédica, a medicina tradicional russa continua a ter muito sucesso junto dos cidadão russos. Descubra os seus remédios naturais bem guardados.

Catedral russa sob neve

Nas origens da medicina tradicional russa

A medicina tradicional russa assenta em práticas arcaicas eslavas transmitidas de geração em geração pelas comunidades ancestrais através de várias formas, como relatos ou cantos populares.

Tradicionalmente, na Rússia, pensa-se que a cura repousa numa boa comunhão com as forças naturais. Na Sibéria, uma terra imensa conhecida tanto pelas suas condições climáticas extremas como pelas suas paisagens semi-lunares semi-montanhosas, esta convicção era ainda mais dominante. Esta medicina assenta, por isso, num conhecimento profundo e global do reino vegetal, associado a uma dimensão xamânica mais espiritual. Em particular, a crença na sua própria capacidade de cura reveste-se de uma importância capital.

Ainda hoje em dia, são muitos os Russos que têm uma relativa desconfiança face aos tratamentos alopáticos atuais e preferem virar-se para os remédios dos seus antepassados. Resumamos as principais características em alguns pontos-chave.

Vencer a alergia às flores pelas flores

As premissas da homeopatia? Quase. De facto, encontramos na medicina tradicional russa esta mesma ideia de atacar o mal com o mal… nomeadamente para temporizar as alergias às flores.

O princípio consistia em cortar a flor e as respetivas folhas em bocadinhos, submergi-los em água fria e levar a ferver. Após deixar repousar por quinze minutos, obtinha-se uma infusão que bastava consumir 3 vezes por dia, à razão de um terço de copo de cada vez. As reações alérgicas deveriam esbater-se no espaço de 3 a 4 dias.

O chaga – o talismã siberiano

Foi durante muito tempo a joia preservada pelos povos nómadas siberianos. Agarrando-se valentemente às bétulas da taiga, o chaga (Inonotus obliquus) possui uma afinidade muito particular com os climas frios e hostis russos.

Amplamente utilizado pelos Nenets, os Evenks e os Mansis, este cogumelo era muito apreciado em decocção em caso de fadiga, de frio, de fome ou de ferimentos. Um recurso extremamente precioso quando a sobrevivência assentava exclusivamente na caça, na pesca e na colheita!

Desde 1980 que este recurso micológico excecional não cessa de fascinar a comunidade científica (1-3). Não é de admirar que alguns suplementos alimentares de vanguarda o sublimem de forma isolada (por exemplo em Organic Chaga Extract, extrato de chaga biológico extraído de esporocarpos selvagens siberianos colhidos à mão) ou em boa companhia (como em Organic MycoComplex, com extratos biológicos de cogumelos chaga, shitake, reishi, maitake, cordyceps, polypore e agaricus).

Tratar as patologias com sons

Para os antigos, a emissão de determinados sons ajudaria a combater vários problemas físicos ou psíquicos, tendo um impacto direto no sistema nervoso. Segundo eles, o facto de pronunciar:

  • a sílaba “om” acalmava os músculos hipertónicos;
  • a sílaba “si” diminuía o stress ;
  • a sílaba “gem” agiria favoravelmente no coração;
  • a sílaba “shen” apoiaria a função0 pulmonar;
  • a sílaba “yu” exerceria um efeito anti-dor.

Quer experimentar? Repita o som selecionado entre 9 e 12 vezes respeitando sempre uma pausa de 3 segundos. Repita esta sequência durante o dia sempre que sinta necessidade.

A descoberta russa das plantas adaptogénicas

Embora a fitoterapia seja a pedra angular da medicina ancestral russa, o interesse por esta disciplina nunca cessou ao longo dos séculos. A comprová-lo, sabia que devemos o termo “planta adaptogénica” aos soviéticos? De facto, foi Nicolaï Lazarev, um farmacológico russo, quem empregou este termo pela primeira vez em 1947. Recordamos que este conceito designa toda e qualquer substância natural capaz de aumentar a resistência física e mental do organismo face às diversas fontes de stress.

Entre os mais populares na Rússia, figura o eleuterococo (Eleutherococcus senticosus) ou ginseng siberiano; a sua raiz era utilizada para reforçar a resistência dos militares russos e para potenciar a adaptação ao espaço dos cosmonautas (4-5). Esta joia da taiga entra em fórmulas sinérgicas (como Adrenal Support, um suplemento alimentar à base de eleuterococo, de maca, de rodiola ou ainda de tulsi, que contribui para a resistência ao stress).

Outra bela espécie do género, a rodiola (Rhodiola rosea). Também conhecida como “raiz de ouro”, esta planta vivaz das encostas siberianas está envolvida na melhoria da condição física e mental bem como na saúde do sistema cardiovascular, nomeadamente graças ao seu teor em rosavina e em salidrósido, os seus compostos ativos (6-8). Os suplementos de rodiola (como Rhodiola rosea, extrato superior de rodiola normalizado a 5% de rosavina e a 1,8% de salidrósido) constituem uma forma sensata de tirar partido desta planta.

Deseja desfrutar de toda a potencialidade dos adaptogénicos? Como a união faz a força, opte por suplementos alimentares que combinam várias plantas adaptogénicas numa única fórmula (à semelhança de Adaptix, que agrupa rodiola, esquisandra e astragalo, uma raiz que contribui para a defesa do corpo contra os agentes exteriores) (9-10).

Receitas eslavas naturais para os males do quotidiano

Para os terapeutas russos tradicionais, cada fruta, legume ou erva destina-se especificamente a um órgão. Eis uma pequena compilação das suas melhores receitas-milagre:

  • a infusão de cubos de beterraba roxa em vinagre de cidra forma um precioso elixir para as gargantas irritadas;
  • lavar os cabelos com raiz de bardana e uma gema de ovo ajudaria a conservar uma cabeleira farta;
  • a salada de cenoura ralada, mel e sumo de fruta forma a combinação vencedora em termos de detox;
  • para aliviar o herpes, a água é soberana: basta fazer pressão no lábio com um cubo de gelo envolto num tecido durante 10 minutos cerca de 3 vezes por dia.

Referências

  1. Park YK, Lee HB, Jeon EJ, Jung HS, Kang MH. Chaga mushroom extract inhibits oxidative DNA damage in human lymphocytes as assessed by comet assay. Biofactors. 2004;21(1-4):109-12. doi: 10.1002/biof.552210120. PMID: 15630179.
  2. Lu Y, Jia Y, Xue Z, Li N, Liu J, Chen H. Recent Developments in Inonotus obliquus (Chaga mushroom) Polysaccharides: Isolation, Structural Characteristics, Biological Activities and Application. Polymers (Basel). 2021;13(9):1441. Published 2021 Apr 29. doi:10.3390/polym13091441
  3. Géry A, Dubreule C, André V, et al. Chaga (Inonotus obliquus), a Future Potential Medicinal Fungus in Oncology? A Chemical Study and a Comparison of the Cytotoxicity Against Human Lung Adenocarcinoma Cells (A549) and Human Bronchial Epithelial Cells (BEAS-2B). Integr Cancer Ther. 2018;17(3):832-843. doi:10.1177/1534735418757912
  4. Kuo J, Chen KW, Cheng IS, Tsai PH, Lu YJ, Lee NY. The effect of eight weeks of supplementation with Eleutherococcus senticosus on endurance capacity and metabolism in human. Chin J Physiol. 2010 Apr 30;53(2):105-11. doi: 10.4077/cjp.2010.amk018. PMID: 21793317.
  5. Yamauchi Y, Ge YW, Yoshimatsu K, et al. Memory Enhancement by Oral Administration of Extract of Eleutherococcus senticosus Leaves and Active Compounds Transferred in the Brain. Nutrients. 2019;11(5):1142. Published 2019 May 22. doi:10.3390/nu11051142
  6. Li Y, Pham V, Bui M, et al. Rhodiola rosea L.: an herb with anti-stress, anti-aging, and immunostimulating properties for cancer chemoprevention. Curr Pharmacol Rep. 2017;3(6):384-395. doi:10.1007/s40495-017-0106-1
  7. De Bock K, Eijnde BO, Ramaekers M, Hespel P. Acute Rhodiola rosea intake can improve endurance exercise performance. Int J Sport Nutr Exerc Metab. 2004 Jun;14(3):298-307. doi: 10.1123/ijsnem.14.3.298. PMID: 15256690.
  8. Maslova LV, Kondrat'ev BIu, Maslov LN, Lishmanov IuB. O kardioprotektornoĭ i antiadrenergicheskoĭ aktivnosti ékstrakta rodioly rozovoĭ pri stresse [The cardioprotective and antiadrenergic activity of an extract of Rhodiola rosea in stress]. Eksp Klin Farmakol. 1994 Nov-Dec;57(6):61-3. Russian. PMID: 7756969.
  9. Liu J, Nile SH, Xu G, Wang Y, Kai G. Systematic exploration of Astragalus membranaceus and Panax ginseng as immune regulators: Insights from the comparative biological and computational analysis. Phytomedicine. 2021 Jun;86:153077. doi: 10.1016/j.phymed.2019.153077. Epub 2019 Aug 23. Erratum in: Phytomedicine. 2021 Oct;91:153618. Erratum in: Phytomedicine. 2021 Oct;91:153730. PMID: 31477352.
  10. Panossian A, Wikman G. Pharmacology of Schisandra chinensis Bail.: an overview of Russian research and uses in medicine. J Ethnopharmacol. 2008 Jul 23;118(2):183-212. doi: 10.1016/j.jep.2008.04.020. Epub 2008 Apr 24. PMID: 18515024.

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