Uma nova dieta “detox” surgiu recentemente: uma dieta de proteína para desinflamar o fígado. Mas funciona mesmo? Quais são os perigos de tal abordagem? Quais são as alternativas para desinflamar o fígado?
Designa-se pelo termo hepatomegalia o facto de ter o fígado inflamado. O nosso maior órgão interno, o fígado, é constituído por vários lóbulos e, por conseguinte, pode inflamar de forma homogénea ou heterogénea. Em todos os casos, uma hepatomegalia traduz-se geralmente por alguns sintomas:
Uma hepatomegalia pode dever-se a inúmeras causas diversas: esteatose hepática (alcoólica ou não alcoólica), inflamação hepática (viral, medicamentosa ou não viral), um tumor hepático, insuficiência cardíaca, uma doença do sistema imunitário, excesso de ferro, etc. (1)
É por esta razão que, em todos os casos, caso surja uma hepatomegalia, é vivamente recomendado consultar o seu médico para serem feitos estudos e chegar a um diagnóstico.
Uma das causas da hepatomegalia é a esteatose hepática não alcoólica (NASH) associada a uma síndrome metabólica. Por outras palavras: o excesso de peso ou mesmo a obesidade, provocam a doença do “fígado gordo”, à semelhança dos palmípedes engordados para produzir o célebre manjar do sudoeste da França.
Neste contexto, uma dieta orientada para a perda de peso é uma das primeiras recomendações para conseguir desinflamar o fígado (2).
Ora, acontece que as dietas hiper proteicas podem ser pertinentes, em certa medida, para perder peso (mas têm riscos, como veremos adiante). Estas dietas permitem, de facto, ingerir quantidades significativas de alimentos (as proteínas de origem animal) com baixa densidade calórica. Corta-se a fome sem absorver demasiadas calorias.
Mas, de uma forma geral, é uma alimentação desequilibrada, rica em gorduras saturadas e em açúcares simples, bem como a sedentariedade, que apresentam inúmeros problemas para a saúde do fígado. Uma alimentação equilibrada – com gorduras boas, leguminosas e cereais integrais, proteínas magras e com muitas frutas e legumes frescos – é, portanto, a melhor solução (3).
Como já referimos, as dietas hiper proteicas têm alguns riscos. Há já alguns anos que as autoridades de saúde alertam para os riscos que este tipo de dieta constitui para os rins; um excesso de proteínas na alimentação pode, por exemplo, originar uma calciúria (uma excreção de cálcio na urina, devida à filtragem incessante do sangue para eliminar os produtos de degradação das proteínas).
De facto, as proteínas são nutrientes que perturbam o equilíbrio ácido-base do organismo, tornando-o mais ácido. Por conseguinte, é imperativo ser extremamente rigoroso e ter o cuidado de consumir quantidades significativas de frutas e legumes frescos e de se hidratar convenientemente para evitar as afeções renais associadas a uma dieta de proteína.
Além disso, outros estudos mostraram que uma dieta rica em proteínas levava a um aumento dos triglicéridos hepáticos, bem como dos marcadores da esteatose hepática alcoólica.
E isto por uma razão muito simples: o fígado está envolvido diretamente no metabolismo das proteínas. Depois de as proteínas dos alimentos terem sido decompostas no intestino, em aminoácidos, o fígado utiliza estes últimos para fabricar proteínas para o organismo.
O excedente de aminoácidos pode então ser enviado para os músculos ou convertido em ureia e ser excretado na urina. Por outro lado, durante a digestão, algumas proteínas são convertidas em amoníaco, um produto tóxico que tem, portanto, de ser desintoxicado pelo fígado (4).
E é aí que está o busílis: em caso de consumo excessivo de proteínas, o fígado é forçado a tratar uma quantidade excessiva de amoníaco, o que provoca uma inflamação.
A dieta de proteína é, por isso, uma falsa boa ideia para desinflamar o fígado!
O fígado desempenha um papel crucial no metabolismo das gorduras e dos açúcares. Alguns alimentos podem, portanto, agravar os problemas hepáticos. Os alimentos ricos em gorduras saturadas e em açúcares adicionados, tais como os alimentos fritos, os pratos preparados e os refrigerantes, devem ser evitados.
Existem inúmeros métodos que afirmam limpar o fígado em poucos dias. Todavia, é crucial compreender que o fígado é um órgão complexo que necessita de tempo para se regenerar. As dietas ou métodos de limpeza do fígado em 3 dias podem ser ineficazes ou mesmo perigosos.
O tempo necessário para limpar o fígado depende da gravidade dos problemas hepáticos e da capacidade de regeneração do órgão. É preferível consultar um profissional de saúde para avaliar o estado do seu fígado e obter conselhos personalizados.
É possível apoiar a saúde do fígado adotando um modo de vida saudável. Tal inclui uma alimentação equilibrada, rica em legumes, frutas e cereais integrais, bem como uma hidratação adequada. Adicionalmente, alguns alimentos como o alho (5), a curcuma (6) e a toranja são considerados como sendo benéficos para a saúde hepática.
Convém salientar que certos métodos de limpeza do fígado, nomeadamente as dietas extremas ou a utilização de produtos desintoxicantes sem supervisão médica, podem apresentar riscos para a saúde. É importante procurar sempre abordagens seguras e consultar um profissional de saúde antes de iniciar uma limpeza do fígado.
Não existe qualquer medicamento específico para limpar o fígado à venda em farmácias. Certos medicamentos podem ser receitados para tratar afeções hepáticas específicas, mas devem ser tomados com supervisão médica, não devendo ser utilizados com o intuito de limpar o fígado.
Para eliminar a gordura do fígado de forma natural, é crucial adotar uma abordagem global. Esta inclui a alteração da alimentação para reduzir o consumo de gorduras saturadas e de açúcares adicionados, bem como o aumento da atividade física regular. Uma perda de peso progressiva e duradoura pode ajudar a reduzir a gordura acumulada no fígado.
É importante salientar que os problemas de fígado podem levar a um aumento de peso e a uma dificuldade em perder peso. Uma disfunção hepática pode perturbar o metabolismo das gorduras e dos glúcidos, o que pode originar uma acumulação de peso.
Algumas pessoas podem sentir efeitos secundários quando fazem uma desintoxicação do fígado. Tais efeitos secundários podem incluir dores de cabeça, fadiga, náuseas e alterações nos hábitos intestinais. Se sentir efeitos secundários persistentes ou graves, é importante consultar um profissional de saúde.
Como acontece muitas vezes, para cuidar do seu fígado pode também confiar nas nossas avós, que conheciam inúmeros remédios naturais para o fígado.
Entre eles:
Que contém cinarina, um composto polifenólico de ácido cafeico e de ácido quínico, que contribui para o funcionamento correto do fígado e para a digestão, estimulando a produção da bílis. A alcachofra é, aliás, utilizada desde a Antiguidade, em infusão, para tratar os problemas digestivos (7).
Ou Silybum marianum de seu nome botânico, que contém, nomeadamente, silimarina, uma mistura de flavonoides potentes utilizada aliás atualmente como tratamento fitoterapêutico para tratar os problemas hepáticos e a dispepsia. Salientamos que a silimarina é igualmente um potente cocktail de antioxidantes muito estudado pelas suas eventuais propriedades anti-inflamatórias e anti carcinogénese (8).
Deixamos um pouco as nossas avós para ir mais para leste e inspirarmo-nos na medicina ayurvédica, quando queremos cuidar do nosso fígado com esta planta medicinal que encontramos nos Himalaias e que ajuda a manter uma função hepática saudável (9).
Alga verde unicelular, a clorela é encontrada em inúmeros pontos de água doce um pouco por todo o mundo, tendo sido identificada no final do século XIX por um botânico holandês. Rica em lípidos bons, em proteínas, em clorofila, em vitaminas, em minerais e em pigmentos específicos, a clorela contribui para a saúde do fígado (10).
Por conseguinte, para uma cura detox eficaz, nada como comer de forma saudável e equilibrada, hidratar-se bem e, porque não, apoiar a saúde do seu fígado com infusões de plantas medicinais tradicionais ou uma cura de suplementos alimentares que integrem os princípios ativos dessas plantas (como Liver Support Formula).
Referências
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