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Gravidez – quais são os probióticos recomendados?

Os probióticos, microrganismos vivos capazes de induzir efeitos no organismo, são agora recomendados em todo o mundo. Quais são os mais interessantes para as grávidas?

Probióticos durante a gravidez

A toma de probióticos pelas grávidas é segura?

Com a acumulação de estudos que demonstram a sua inocuidade e eficácia, os probióticos tornaram-se tratamentos naturais legítimos para apoiar o equilíbrio da microbiota intestinal, e até, na opinião de cada vez mais investigadores, para contribuir para a saúde global.

A sua utilização potencial pelas grávidas continua, no entanto, a ser discutida, tendo em conta a vulnerabilidade das grávidas e dos fetos.

Em 2021, os autores de um resumo de inúmeros estudos sugeriram que os probióticos também poderiam ser considerados seguros para as grávidas, embora incentivassem a realização de mais estudos e a utilização dos probióticos com supervisão rigorosa (1).

Em caso de gravidez, recomendamos portanto que consulte sistematicamente um profissional de saúde antes de tomar qualquer suplemento alimentar, incluindo probióticos.

Os probióticos mais estudados em ligação com a gravidez

As duas espécies de probióticos principalmente estudadas para garantir apoio às grávidas são:

  • Lactobacillus rhamnosus, uma bactéria láctica encontrada nos laticínios, que pode sobreviver facilmente à acidez do estômago e aderir ao muco intestinal para viver temporariamente no trato digestivo. No âmbito da gravidez, a estirpe específica Lactobacillus rhamnosus GG é estudada de perto com o intuito de confirmar os seus possíveis efeitos face ao desconforto digestivo, ao excesso de peso gestacional e à diabetes gestacional (2-3). Encontramos o Lactobacillus rhamnosus GG na forma de suplemento (como o probiótico Lactobacillus Rhamnosus GG);
  • Bifidobacterium lactis, uma outra “bactéria boa” que apresenta também um excelente índice de sobrevivência no intestino. A Bifidobacterium lactis é igualmente objeto de estudos intensivos para determinar os seus potenciais efeitos nos desconfortos da gravidez (4). Este probiótico encontra-se em certos suplementos, por vezes em sinergia com outras estirpes de microrganismos (como no caso da fórmula probiótica Probio Forte).

Foquemo-nos agora mais precisamente nos vários desconfortos causados pela gravidez.

Obstipação e probióticos nas grávidas

A obstipação é frequente durante a gravidez. Caracteriza-se por menos de três dejeções por semana e por uma evacuação difícil das fezes, que exige um esforço excessivo.

Nos últimos dois trimestres da gravidez, afeta quase 30% das mulheres (5). Pode ser explicada por, pelo menos, três parâmetros: a quantidade de progesterona circulante, o abrandamento fisiológico do bolo alimentar no sistema digestivo e a compressão do cólon pelo útero.

Os probióticos podem ajudar a reduzir a obstipação?

Foram avançadas duas hipóteses para explicar o potencial interesse dos probióticos para combater a obstipação. Em primeiro lugar, poderiam ajudar a acidificar o interior do intestino, o que aumentaria o peristaltismo (o conjunto das contrações musculares que asseguram o avanço dos alimentos no tubo digestivo). Além disso, vários estudos demonstraram que a composição da flora intestinal das pessoas com obstipação era significativamente diferente da das pessoas com um trânsito intestinal normal.

As espécies principalmente estudadas contra a obstipação nas grávidas são:

  • Bifidobacterium lactis, como citado anteriormente (que encontramos na fórmula probiótica Probio Forte);
  • Lactobacillus casei;
  • e Lactobacillus acidophilus (6).

O caso da diabetes gestacional

Tal como a diabetes de tipo 2, a diabetes gestacional é uma intolerância aos glúcidos; o organismo deixa de conseguir regular corretamente os níveis de açúcar no sangue.

O seu aumento provoca sintomas incómodos (sede, micções frequentes, fadiga, etc.) e, sobretudo, riscos para a mãe (cesariana ou parto prematuro, pré-eclâmpsia, etc.) e para o bebé (dificuldades respiratórias, hipoglicemia neonatal, macrossomia, etc.)

Porque é que os probióticos são estudados no âmbito da diabetes?

Os investigadores descobriram que as microbiotas intestinais estavam significativamente alteradas em caso de diabetes gestacional. A microbiota das mães com diabetes gestacional apresenta sinais de inflamação, de sensibilidade à insulina e de adiposidade semelhantes aos observados nas pessoas obesas. Assim, a comunidade científica está atualmente a investigar quais os probióticos que contribuem mais eficazmente para reconstituir microbiotas normais, em particular nesta situação, com vista a reduzir os riscos associados ao excesso de glicose no sangue. No domínio da diabetes gestacional, Lactobacillus rhamnosus GG e Bifidobacterium lactis são novamente os mais recomendados (7-8).

O refluxo gastroesofágico – um problema comum durante a gravidez

O refluxo gastroesofágico é também um incómodo característico da gravidez, que surge, regra geral, depois da 20a semana de amenorreia. Origina azia (pyrosis) particularmente desagradável em 80% das grávidas, principalmente à noite, após a refeição.

Existem probióticos recomendados para combater o refluxo das grávidas? Em 2020, uma análise de doze estudos revelou um interesse potencial dos probióticos contra o refluxo gastroesofágico, e mais especificamente contra a regurgitação e a azia, mas as conclusões não são definitivas (9). Enquanto aguardamos novas descobertas neste domínio, existem já algumas regras de higiene alimentar que podem ajudar a reduzir a gravidade do refluxo nas grávidas: comer devagar, repartir pequenas refeições ao longo do dia, evitar os alimentos ácidos e os que retardam o esvaziamento gástrico.

Probióticos em caso de depressão pós-parto?

Entre 10 e 20% das mamãs são afetadas por uma “depressão pós-parto” nas semanas imediatamente a seguir a darem à luz.

Esta doença grave, diferente do “baby blues”, pode aparecer logo no 6o dia e requer cuidados médicos imediatos.

Pode durar vários meses e provocar uma série de sintomas como perda de prazer, tristeza profunda sem razão aparente, pensamentos negativos, etc.

Porque é que os probióticos são estudados no âmbito da depressão perinatal?

Descobertas recentes mostraram que a flora intestinal comunica com o cérebro através do nervo vago e pode produzir neurotransmissores idênticos aos que se encontram no cérebro, como o GABA, a serotonina ou a acetilcolina, todos eles envolvidos na depressão e nas perturbações do humor. Por isso, foram realizados estudos específicos para investigar o efeito dos probióticos na depressão e, em particular, na depressão pós-parto; a espécie Lactobacillus rhamnosus parece ser novamente a mais promissora atualmente (10).

Algumas fórmulas sinérgicas associam igualmente outros probióticos estudados pelos seus potenciais benefícios para a saúde mental (como Lactoxira).

Caso esteja a amamentar, consulte igualmente um profissional de saúde antes de iniciar a toma de suplementos.

O CONSELHO SUPERSMART

Referências

  1. Sheyholislami H, Connor KL. Are Probiotics and Prebiotics Safe for Use during Pregnancy and Lactation? A Systematic Review and Meta-Analysis. Nutrients. 2021 Jul 13;13(7):2382. doi: 10.3390/nu13072382. PMID: 34371892; PMCID: PMC8308823.
  2. Ilmonen J, Isolauri E, Poussa T, Laitinen K. Impact of dietarycounselling and probiotic intervention on maternal anthropometricmeasurements during and after pregnancy: a randomized placebo-controlled trial. Clin Nutr 2011:30(2):156-64.
  3. Luoto R, Laitinen K, Nermes M, Isolauri E. Impact of maternalprobiotic-supplemented dietary counselling on pregnancy outcomeand prenatal and postnatal growth: a double-blind, placebo-controlled study. Br J Nutr. 2010;103(12):1792–9. doi:10.1017/s0007114509993898.
  4. Seif El Dahan K, Bejjani J, Nasrallah AA, Youssef L, Mladenovic A, Dosch L, Leone A, Jurjus A. Probiotics Properties: A Focus on Pregnancy Outcomes. Eur J Obstet Gynecol Reprod Biol. 2022 May;272:16-23. doi: 10.1016/j.ejogrb.2022.03.008. Epub 2022 Mar 4. PMID: 35278924.
  5. Armessen C, Faure S. La constipation au cours de la grossesse, 2009 Juin. Actualités pharmaceutiques. doi: ACTPHA-06-2009-48-486-0515-3700-101019-200904335
  6. Mirghafourvand M., Rad A.H., Alizadeh S.M., Fardiazar Z., Shokri K. The Effect of Probiotic Yogurt on Constipation in Pregnant Women: A Randomized Controlled Clinical Trial. Iran. Red. Crescent Med. J. 2016;18 doi: 10.5812/ircmj.39870
  7. Chen X., Jiang X., Huang X., He H., Zheng J. Association between Probiotic Yogurt Intake and Gestational Diabetes Mellitus: A Case-Control Study. Iran. J. Public Health. 2019;48:1248–1256.
  8. Dolatkhah, N., Hajifaraji, M., Abbasalizadeh, F. et al.Is there a value for probiotic supplements in gestational diabetes mellitus? A randomized clinical trial. J Health Popul Nutr 33, 25 (2015). https://doi.org/10.1186/s41043-015-0034-9
  9. Cheng J, Ouwehand AC. Gastroesophageal Reflux Disease and Probiotics: A Systematic Review. 2020 Jan 2;12(1):132. doi: 10.3390/nu12010132. PMID: 31906573; PMCID: PMC7019778.
  10. Slykerman R.F., Hood F., Wickens K., Thompson J.M.D., Barthow C., Murphy R., Kang J., Rowden J., Stone P., Crane J., et al. Probiotic Pregnancy Study, Grp. Effect of Lactobacillus rhamnosus HN001 in Pregnancy on Postpartum Symptoms of Depression and Anxiety: A Randomised Double-blind Placebo-controlled Trial. Ebiomedicine. 2017;24:159–165. doi: 10.1016/j.ebiom.2017.09.013.

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